Juca Kfouri
Juro que acho até graça de quem se propõe a discutir seriamente a escolha do estádio para a abertura da Copa do Mundo em São Paulo.
Jamais tive a menor dúvida, primeiramente, de que a abertura seria na Paulicéia, por motivos tão óbvios que não cabe repeti-los.
Jamais tive, também, dúvida de que não seria no Morumbi, simplesmente porque Ricardo I, e Único, não queria.
O estádio que serve o futebol mundial há 50 anos (decisões de Libertadores, sede do 1o. Mundial de Clubes da Fifa, de incontáveis jogos da Seleção Brasileira não só em Eliminatórias etc) não serve para a abertura da Copa só porque o cartolão imperial não quer.
E jamais tive dúvidas de que o estádio que receberia a abertura seria o do Corinthians, em Pirituba, como planejado no início, em Guarulhos ou em Itaquera, até mesmo na…
Dito isso, nada mais pode ser discutido verdadeiramente a sério.
E aí chega uma empreiteira de enorme porte, financiadora de quase todos os políticos importantes do país, e resolve fazer um agrado ao time do presidente da República que, era pule de 10, faria sua sucessora e pronto!
Se o projeto é só projeto, se falta saber de onde virá o dinheiro para financiar a ampliação do estádio que nem nasceu e já será ampliado, nada disso é fator impeça que se cumpra a vontade do cartolão imperial, amigo do presidente do Corinthians que é amigo do presidente da República e será da presidenta, a quem apoiou explicitamente, direito dele, por sinal.
Em último caso, o dinheiro virá de onde sempre vem: do seu, do meu, do nosso suado dinheirinho.
Está certo?
É claro que não está!
Mas está certo o que estão fazendo no Maracanã, com eloquentes prejuízos ao Fluminense e ao Flamengo, para não falar do bolso do contribuiente carioca, que paga a enésima reforma do Maracanã?
Ou no Mineirão, para azar de Cruzeiro e Galo?
Ou faz sentido erguer estádios gigantescos em Cuiabá, Manaus, Brasília, onde nem futebol profissional digno desse nome há?
Lembre-se que a Copa dura um mês e que cada estádio receberá cinco, seis jogos no máximo.
E depois?
Elefantes brancos passearão com nosso dinheiro, como, por exemplo, o Rei Pelé, em Maceió, e o Albertão, em Teresina, construídos durante a megalomania da ditadura brasileira.
Nem por isso, como se sabe, o futebol alagoano e o piauiense cresceram, ou as duas capitais ganharam com os estádios.
Não se está organizando uma Copa do Mundo no Brasil que seja do Brasil.
Mas sim a Copa do Mundo da Alemanha no Brasil.
E é você quem pagará a conta.
Em tempo: a culpa não é só do governo federal.
Os governos estaduais são igualmente culpados.
Uol
Enviado pelo meu aparelho BlackBerry® da Vivo
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