Distração de passageiros é grande trunfo de assaltantes em aeroportos
Fabrício Calado
Do UOL, em São Paulo
A cena se repete com frequência. O turista chega ao aeroporto, dirige-se ao balcão da companhia aérea e começa o processo de check-in. Quase sempre, deixa o carrinho cheio de malas e seus demais pertences de lado para se concentrar nas informações do embarque. E é nessa hora que os criminosos atacam.
No ano passado, os dois aeroportos mais movimentados do Brasil, o de Congonhas, na zona sul da capital paulista, e de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), registraram juntos 1.657 furtos (1.389 em Cumbica e 268 em Congonhas). Apenas nos dois primeiros meses deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, as delegacias de Congonhas e Cumbica registraram, respectivamente, 50 e 240 crimes do tipo.
Segundo o coordenador científico do Observatório de Segurança Pública da Unesp de Marília, Luís Antônio de Souza, é comum ver frequentadores de aeroportos e outros estabelecimentos fechados "baixarem a guarda" nestes ambientes, o que facilita a ação dos bandidos.É fácil perceber que os crimes registrados nos aeroportos têm uma vítima preferencial: os passageiros desatentos.
"As pessoas consideram shopping, hospital ou aeroporto ambientes mais seguros [que um lugar público ou aberto]. Elas confiam nos seguranças do local e abrem a carteira com mais tranquilidade", explica o professor.
Mas, os ladrões são especialistas em agir ao menos sinal de descuido, ressalta ele. São os chamados "grupos organizados", que aguardam a oportunidade para agir. "É o mesmo perfil de quadrilhas que roubam condomínios e na saída de banco", diz Souza.
Isto porque reforços na segurança ajudam, mas têm limite, mesmo quando se trata de empresas de segurança privada, afirma o especialista.Para o especialista, com a aproximação da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que serão sediadas no Brasil, torna-se necessário que as autoridades reforcem as orientações para prevenir o descuido dos passageiros com seus pertences.
Como opções para aumentar a segurança, Souza sugere aproveitar melhor o sistema de câmeras e incorporar no dia a dia dos aeroportos alertas e dicas para o cidadão pelos sistemas de alto-falante, como é feito hoje em estações superlotadas de metrô.
Procurada pelo UOL, a Infraero não comentou o número de furtos e limitou-se a dizer que a responsabilidade pelas bagagens até o momento do check-in é dos passageiros e, após o despacho das malas, das companhias aéreas.
Quadrilha desmantelada
No começo deste ano, os seis integrantes de um que bando atuava em Cumbica havia um ano foram presos. Segundo o delegado titular do aeroporto, Ricardo Guanaes Domingues, que coordenou a operação, a gangue desviava, principalmente, as malas direto do carrinho de bagagem, durante o desembarque do voo, enquanto os passageiros se dirigiam do avião à esteira onde são colocadas as malas.
Os dados deste ano da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) são do mês de janeiro e ainda não revelam os efeitos do desmantelamento da quadrilha. Ao todo, foram 121 furtos (103 em Cumbica, 18 em Congonhas).
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