O maior problema do carnaval paulistano de 1876 foi um folião exaltado que proferiu "palavras injuriosas a um cavalheiro (…) dirigindo-lhe interrogações altamente ofensivas a uma família". É o que informou o jornal O Estado de S. Paulo, ainda chamado de A Província de São Paulo, em 6 de fevereiro de 1876. E o artigo, assinado por "um que ouviu as frases", argumentava que "a honra de uma família" não pode ser "arrastada pela lama, aproveitando-se os levianos da máscara que afivelam às caras". E encerrava com um pedido: "o favor de (…) divertirem-se nas raias da honestidade, mantendo o respeito".
Já imaginou você uma folia sem confete? Ou, ainda, um carnaval em que ninguém pudesse usar máscaras? Pois a história do carnaval paulistano está repleta de episódios prosaicos. Em 1972, 10 anos depois da proibição do lança-perfume, foi a vez do confete de isopor cair no ostracismo. "O secretário de segurança pública Servulo Mota Lima assinou uma resolução de 20 artigos que previa, como novidade, a proibição do uso de confete de isopor", relatava reportagem publicada peloEstadão em 19 de janeiro daquele ano de 1972.
No ano seguinte, a medida foi ainda mais rigorosa. Dizia que "o folião paulista, da capital ou do interior, que usasse máscara durante o carnaval estaria infringindo as normas baixadas pela Secretaria da Segurança Pública", conforme registrou a edição de 1º de março de 1973 do Estadão. O argumento da Secretaria para justificar a determinação foi que a proibição ajudaria a "garantir os festejos dentro de um clima de ordem, segurança e tranquilidade públicas."
É bom lembrar que naquela época havia um clima de censura nos desfiles das escolas de samba. O Brasil vivia o período do regime militar, então todos os carros alegóricos precisavam passar, antes do desfile, por vistoria da Divisão de Diversões Públicas – só após autorização iam para a avenida.
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