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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em 2011, Brasil se tornou passagem obrigatória para produções classe A de Hollywood





30/12/2011 - 17h02

Em 2011, Brasil se tornou passagem obrigatória para produções classe A de Hollywood

ROBERTO SADOVSKI 
Colaboração para o UOL


  • Cena da animação ''Rio'', dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha

    Cena da animação ''Rio'', dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha

"O roteiro original tinha uma sequência inteira no Brasil", contou o produtor de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma", Bryan Burke, durante passagem pelo Brasil para promover o filme com Tom Cruise no início de dezembro. "Mas você sabe como roteiros são, de tanto mexer terminamos cortando essa parte." A confissão confirma uma tendência vista em peso no país em 2011. De "Rio" a "Velozes e Furiosos 5", passando por "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1", as paisagens tropicais brasileiras se tornaram, se não passagem obrigatória, ao menos cenários seriamente considerados para produções classe A de Hollywood. É o mundo vendo o Brasil – em particular o Rio de Janeiro – sob uma ótica completamente inédita. E que promete se tornar mais e mais comum.

  • AgNews

    A atriz Anne Hathaway na pré-estreia mundial da animação "Rio" no Cinépolis Lagoon, no Rio de Janeiro (22/3/2011)

 
Rodar filmes estrangeiros no Brasil não é novidade. Mickey Rourke seduziu Carré Otis no esquecível "Orquídea Selvagem", dos anos 1980. Antes disso, Roger Moore, na pele do superagente James Bond, combateu o gigante Dentes de Aço em cima do bondinho do Pão de Açúcar em "007 Contra o Foguete da Morte". Mas as novas produções que usam o Brasil como cenário inserem o país na trama de forma menos caricata – e economicamente mais esperta.

Como uma recente pesquisa apontou o Brasil como a sexta maior economia mundial, à frente da Inglaterra, é natural que investidores e prestadores de serviço tragam seus negócios ao país, inclusive o cinema. Não por acaso, o casal apaixonado de "Amanhecer - Parte 1", que teve cenas gravadas em Paraty, no litoral fluminense, também encontrou tempo para passar rapidamente pela Lapa, no Rio, mas foi o suficiente para encaixar uma bela tomada de cartão postal do Cristo Redentor no filme, um dos maiores sucessos de bilheteria mundiais do ano.


 

"O Brasil estava na trama original, mas encontramos tantas facilidades que ampliamos nossa produção no Rio de Janeiro", conta o produtor Kevin Feige, que trouxe "O Incrível Hulk", da Marvel, para as favelas cariocas. Cidades próximas à antiga capital federal também "dublaram" a Guatemala e um vilarejo do México.

A verdade é que tanto São Paulo (que foi palco de "Ensaio Sobre a Cegueira", filme decididamente internacional dirigido por Fernando Meirelles) quanto o Rio possuem técnicos e equipamentos que rivalizam os encontrados em cidades com maior tradição em grandes produções, e o crescente profissionalismo ajuda a aumentar a procura. Às vezes, isso termina em confusão, como as declarações equivocadas sobre o Brasil feitas por Sylvester Stallone, que filmou seu "Os Mercenários" por aqui – embora a ação se passasse num país fictício.

  • Rafael França/Fla Imagem

    Vin Diesel recebe camisa do Flamengo durante passagem pelo Rio para divulgar "Velozes e Furiosos 5" (15/4/11)


"Acho que 2011 é um ano excepcional. O Rio entrou no mapa do cinema internacional. E isso é um reflexo do crescimento do nosso mercado. Representamos R$ 1,3 bilhão de receita", conta Sérgio Sá Leitão, diretor-presidente da RioFilme, distribuidora estatal que tem ajudado a negociar a vinda das produções para o país e promete investir R$ 31 milhões em incentivo a realização de filmes e lançamentos no Rio em 2012.
 
A vez do Brics
Não estamos sozinhos nesse novo radar de Hollywood. Os países emergentes que formam o Brics (grupo político de cooperação internacional formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão cada vez mais presentes em produções americanas, que hoje contam com a bilheteria internacional como grande responsável por seu sucesso. Assim, o novo "Missão Impossível" foi rodado em Dubai e na Índia, a China bancou boa parte da produção da recente refilmagem de "Karatê Kid", e Moscou é palco da invasão alienígena de "A Hora da Escuridão", que estreia no mundo todo nas próximas semanas.
 
Ter o Brasil como cenário e como parceiro de negócios também animou os grandes estúdios a incluir o país no calendário de lançamento de suas produções mais ambiciosas – em outras palavras, cada vez mais astros, diretores e produtores incluem o Brasil em sua agenda de viagens para divulgação dos filmes.

Carlos Saldanha, que ambientou a animação "Rio" em pleno Carnaval, trouxe todo seu elenco internacional, que incluía Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Jamie Foxx e will.i.am, para divulgar o filme.

Já Vin Diesel, quando conversou com a reportagem do UOL em dezembro de 2010, em Nova York, garantiu que traria todo mundo para o Brasil para o lançamento de "Velozes e Furiosos 5" – promessa cumprida quando o diretor e todo o elenco do filme,  ambientado no Rio de Janeiro, passou duas semanas sob o calor carioca em uma longa maratona de entrevistas que culminou com o tapete vermelho e a cobertura da imprensa de entretenimento internacional.

Em seguida, "Transformers: O Outro Lado da Lua" trouxe o diretor Michael Bay e a musa Rosie Huntington-Whiteley ao país. Também vieram Jim Carrey ("Os Pinguins do Papai"), Antonio Banderas e Salma Hayek ("Gato de Botas") e, no início deste mês, Tom Cruise, com o novo "Missão Impossível".

E as visitas não parecem ter hora para terminar. Nem bem 2012 começou e Robert Downey Jr. já se encontra a caminho do Rio de Janeiro para divulgar "Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras". E os produtores na capital carioca ainda sonham em trazer Woody Allen para que o diretor possa transformar o Rio em cenário de uma fantasia romântica como "Meia-Noite em Paris". É um sonho que deixou de ser impossível.





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