O Globo
Com agências internacionais
ROMA - As gravações de conversas de Silvio Berlusconi com um empresário italiano voltaram a disparar críticas da oposição contra o premier italiano: depois de ser flagrado chamando a Itália de país de merda e aconselhando seu interlocutor a ficar no exterior enquanto é procurado pela polícia, agora o Cavaliere é acusado de ter falado que Angela Merkel é uma gorda com quem ninguém quer ter relações sexuais.
Segundo a mídia alemã, a declaração com termos grosseiros estaria na gravação de uma conversa do premier com Valter Lavitola, investigado sob suspeita de fornecer prostitutas menores de idade para as festas do político.
No telefonema, segundo o jornal "La Repubblica", Berlusconi chama Merkel de "bunduda incomível".
O porta-voz de Berlusconi preferiu não comentar as supostas agressões à chanceler alemã. Já o ex-ministro italiano Rocco Nuttiglione disse que, apesar de não ter certeza sobre as declarações polêmicas, se fosse verdade, Berlusconi não deveria se comportar desta maneira. Autoridades alemãs vêm pressionando o governo italiano a fazer cortes orçamentários.
- Como pode alguém nesta situação continuar a governar? Será que ele não percebe que está prejudicando drasticamente a Itália? - comentou em entrevista a uma rádio.
Esta não é a primeira vez que o primeiro-ministro italiano é descortês com Angela Merkel. Em 2009, ele deixou a chanceler alemã esperando na entrada de uma reunião da Otan, da qual ela era uma das anfitriãs. O início da cúpula acabou atrasando porque o italiano ficou ao telefone do lado de fora. Outra gafe de Berlusconi envolveu Barack Obama. Há três anos, ele descreveu o presidente dos Estados Unidos como "bronzeado".
Brasileiras entre mais de 30 mulheres recrutadas pelo premier
Além das críticas por suas gafes, o premier também enfrenta a pressão das investigações de que é alvo. Após dois anos de trabalho, oito testemunhas e mais de cem mil mensagens interceptadas, promotores italianos entregaram à Justiça de Bari na quinta-feira um relatório no qual fica claro que mais de 30 mulheres, muitas das quais, prostitutas, foram recrutadas pelo empresário Gianpaolo Tarantini para festinhas privadas na mansão de Berlusconi em Roma.
Entre elas, há pelo menos duas brasileiras: Camille Cordeiro Charão e Michelle Conceição dos Santos. Segundo os promotores, muitas se prostituíram para o premier italiano em troca de dinheiro ou presentes.
A investigação da Justiça revela que Tarantini chegou a propor a Manuela Arcuri, uma conhecida atriz italiana, ajudá-la a se tornar apresentadora do tradicional festival de música de San Remo em troca de sexo com Berlusconi. A atriz, no entanto, recusou.
Segundo os promotores, para se aproximar do premier, Tarantini, em 2008, começou a "contribuir para o funcionamento do mecanismo criminoso", participando da organização de festas na casa do premier, procurando e selecionando mulheres.
O relatório também afirma que o empresário "verificava a disposição das convidadas a se prostituírem". A seleção era feita também com base em critérios físicos: as escolhidas eram preferencialmente jovens e magras.
Além disso, Tarantini aconselhava sobre a roupa a ser usada no dia, e pagava as despesas de viagem para chegar à mansão do Cavaliere. O empresário foi preso no início do mês com sua mulher, acusados de terem extorquido mais de 500 mil euros de Berlusconi em troca de silêncio sobre o caso.
Apenas 24% dos italianos confiam em Berlusconi
Berlusconi - que não está sob investigação nesse caso - voltou a negar que havia prostituição em suas festas. A defesa do premier afirmou que tratava-se apenas de "festas elegantes".
"A acusação é totalmente desconhecida pelo premier Berlusconi, e demonstra a sua completa ignorância sobre o comportamento de Tarantini e de seus comparsas", afirmou a defesa de Berlusconi, em nota.
A revelação coincide com a divulgação de uma pesquisa que indica uma nova queda de popularidade para o Cavaliere, com apenas 24% dos italianos afirmando confiarem "muito" ou "bastante" no premier.
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