Folha.com
DE SÃO PAULO
Pobre Ariadna Thalia, não deu nem para a saída. A grande novidade dessa 11ª edição do "Big Brother Brasil" mal durou uma semana. A transexual foi eliminada com 49% dos votos --pelo menos não foi um recorde histórico.
Claro que grande parte do público é conservadora e preconceituosa. Não vamos fingir que não. Os desinformados encaram uma pessoa que muda de sexo como uma criatura transtornada, que recusa os planos do Criador e embarca numa grande mentira. Mas não foi só isto que condenou Ariadna.
Trans ou não, ela simplesmente não gerou empatia. Não é especialmente simpática, nem é meiga ou engraçada. A admissão de que foi garota de programa e que "não tem ninguém lá fora me esperando" pode ter prejudicado-a ainda mais. Marginal demais, esquisita demais. Ariadna era um corpo estranho dentro do "BBB", em todos os sentidos.
Não assumir de cara sua condição dentro da casa também foi uma estratégia equivocada. Cristiano a indicou para o paredão simplesmente porque não queria parecer homofóbico. Sua outra opção era Daniel, que foi descartado quando Lucival foi escolhido por Rodrigão. Pelo jeito, Cris tinha certeza de que Ariadna era mulher de nascença --impressão compartilhada por todos os "brothers" héteros.
Mas algo aconteceu na atitude da cabeleireira/ex-prostituta quando ela percebeu que suas horas estavam contadas. Ariadna descartou o papel de vítima. Parou de reclamar da vida difícil e do bolso vazio. Quando os participantes foram reunidos para saber quem sairia, ela estava altiva, quase tranquila.
E foi com garbo que ela aceitou sua eliminação. Ainda declarou que sentia orgulho por ser a primeira transexual a participar do programa, para o pasmo de alguns concorrentes. A patinha feia transformou-se em cisne e saiu de cabeça erguida, provavelmente ajudada pela certeza de que a família a esperava do lado de fora.
Sim, faltou a mãe, que se recusou até mesmo a participar do vídeo de apresentação da filha. Mas o pai estava lá, assim como o ex-marido. Este também não quis mostrar a cara na TV. Não faz mal: seu rosto já está estampado por toda a internet, é só procurar.
Agora Ariadna terá uma breve sobrevida como celebridade, com participações no Faustão e na Ana Maria Braga. Depois, quem sabe? Talvez desfile com destaque na parada gay de São Paulo, talvez faça propaganda de cosméticos. De qualquer forma, não deve ir muito longe.
O "BBB 11" perdeu seu maior diferencial, e Ariadna a chance de virar uma estrela. Mas ela será lembrada como uma pioneira: a primeira transexual que a maioria dos brasileiros recebeu dentro de casa, ainda que por apenas alguns dias. Não é pouca coisa.
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