Veja Online
22/12/2010 - 11:38
África
Organização teme que seus agentes e estrangeiros se tornem alvos da violência
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu que há um "risco real" de que a Costa do Marfim, no oeste da África, volte a viver uma guerra civil. Ele disse, na última terça-feira, que os agentes da entidade que lutam pela paz no território vão enfrentar um quadro crítico nos próximos dias, a menos que o presidente Laurent Gbagbo retire um bloqueio da sede da oposição.
A ONU e diversos líderes mundiais reconhecem Alassane Ouattara como o vencedor das contestadas eleições do mês passado. Gbagbo se recusa a deixar o poder, além de manter forças ao redor do prédio onde o rival está sediado. Centenas de agentes da organização estão presos no mesmo local. A entidade advertiu que as pessoas, que estão sitiadas, não recebem auxílio médico e que a entrega de comida e água também enfrenta problemas.
Gbagbo expulsou os agentes da ONU que buscam manter a paz no país, no último fim de semana. Em um discurso na terça-feira, disse ainda que "a comunidade internacional declarou guerra à Costa do Marfim". Mas a organização se recusou a retirar a equipe, além de ampliar sua missão no local até junho. Há o temor de que a equipe da ONU e estrangeiros em geral se tornem alvos da violência. No fim de semana passado, homens armados e mascarados abriram fogo contra uma base da organização, sem deixar feridos.
Violência - Ban afirmou que os agentes da ONU concluíram que mercenários foram recrutados para lutar no país, incluindo ex-combatentes da Libéria. Na guerra civil marfinense (2002-2003), também houve o envolvimento de liberianos. Os dois países compartilham uma fronteira de 600 quilômetros de extensão.
A ONU afirma que mais de 50 pessoas foram mortas nos últimos dias na Costa do Marfim. Há ainda centenas de relatos sobre pessoas sequestradas de suas casas durante a noite por homens armados em uniformes militares. A Alta Comissária da organização para Assuntos Humanitários, Navi Pillay, notou que há crescentes evidências de "violações generalizadas dos direitos humanos".
A Anistia Internacional já havia afirmado também que recebeu relatos de pessoas sendo presas ou sequestradas por forças leais a Gbagbo. A intimidação, segundo a entidade, não ocorre apenas na capital, Abidjan, mas também em outros pontos do país.
(Com Agência Estado)
Tags: África, costa do marfim, guerra civil.
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