Reino Unido prepara maior erradicação de ratos da História
Projeto será realizado na Ilha Geórgia do Sul, onde roedores se alimentam de aves marinhas
A maior erradicação animal que o planeta já viu está pronta para uma nova etapa. O Projeto Restauração do Habitat da Ilha Geórgia do Sul, no Atlântico Sul, tem como objetivo acabar com milhões de ratos que chegaram pela primeira vez a bordo de baleeiros e navios que caçam focas.
Uma missão-teste para espalhar pelotas com veneno no ano passado, com o objetivo de livrar 128 km² dos roedores (10% da área da ilha), parece ter sido bem sucedida. A equipe agora usará o mesmo material em uma área de 580 km². O projeto começará em fevereiro e deve durar quatro meses.
Ratos-marrons são uma peste no Reino Unido, mas na Geórgia do Sul eles têm levado espécies silvestres de pássaros à beira da extinção.
Os roedores chegaram à Geórgia do Sul em baleeiros no fim do século XVIII. O contingente desses animais foi reforçado com a chegada de navios caçadores de focas, no início do século passado. Sem predadores na ilha, eles rapidamente se multiplicaram.
Terra de aves como a corredeira-da-Geórgia, que só existe na ilha, a explosão populacional dos ratos foi uma catástrofe para o ecossistema, porque os roedores se alimentam de aves e ovos.
Tony Martin, especialista em conservação de animais da Universidade de Dundee, na Escócia, é o diretor do projeto:
— Quase imediatamente após a exterminação, vimos jovens patos, de uma espécie que só existe na ilha, em uma quantidade tamanha que ninguém se lembrava — comemorou. — Esperamos que as corredeiras voltem muito em breve.
Martin lembra que a ilha é o lar de milhões de pinguins, focas e aves marinhas.
— Mas realmente muitas das espécies que serão beneficiadas pelo projeto vão demorar anos, talvez décadas, para retornarem ao local. Mas não nos engajamos nesta missão pensando no que aconteceria apenas em curto prazo.
A segunda fase do projeto, detalhada esta semana em Londres, contará com uma equipe de 25 cientistas, pilotos de helicópteros, cozinheiros e engenheiros.
A área que será beneficiada corresponde a 60% de onde os roedores resistiam. Os cientistas, já apelidados de Equipe do Rato, vai embarcar no navio de pesquisa real "Ernest Shackleton", que também transportará três helicópteros, 270 toneladas de isca e contêineres cheios de comida e equipamentos.
— O único modo efetivo para erradicar os roedores de uma ilha do tamanho da Geórgia do Sul é pelo ar — explicou Martin. — Os três helicópteros serão usados para jogar iscas para rato e fazerem voos precisos, carregando uma espécie de rede gigante suspensa.
Espera-se que, ao erradicar os roedores, 100 milhões de casais de aves marinhas retornarão à ilha.
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