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sábado, 31 de agosto de 2013
IGUALDADE e EQUIDADE - BASE DA MERITOCRACIA
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Veja na íntegra o histórico discurso de Martin Luther King
Veja na íntegra o histórico discurso de Martin Luther King
Há 50 anos o pastor e ativista Martin Luther King fazia seu discurso histórico, "Eu tenho um sonho", contra a segregação racial nos Estados Unidos
Martin Luther King: líder da luta pelos direitos civis proferiu um dos discursos mais famosos dos EUA
São Paulo – Em 28 de agosto de 1963, o pastor e líder do movimento contra a segregação racial nos Estados Unidos Martin Luther King discursou sobre seu sonho de uma América (e um mundo) com igualdade entre negros e brancos.
O discurso foi proferido em Washington, durante uma marcha que reuniu cerca de 250 mil pessoas contra as políticas racistas e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Suas palavras ecoaram em um contexto de divisão e segregação racial no país que se colocava como moderno e como liderança mundial. Enquanto os norte-americanos possuíam as mais avançadas tecnologias e armas, negros eram impedidos de dividir espaços com brancos, o casamento entre negros e brancos era proibido e jovens afrodescendentes tinham acesso limitado à educação. Na Guerra Fria, os Estados Unidos faziam a propaganda de que aquele era o regime e o país onde todos gostariam de viver - exceto os negros, que tinham de se limitar aos assentos reservados nos ônibus.
Desde que o pastor proferiu seu discurso há 50 anos, muitas leis segregacionistas foram derrubadas no país e muitos direitos foram garantidos aos negros. Ainda assim, as palavras do homem que virou símbolo da luta por vias não-violentas ainda têm a mesma força e urgência das décadas passadas.
Confira abaixo o vídeo do evento e o discurso na íntegra.
"Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.
Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra. Então viemos aqui hoje para dramatizar uma situação hedionda.
Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.
É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado "sem fundos".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para cobrar este cheque --um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
Também viemos para este lugar santificado para lembrar à América da urgência ferrenha do agora. Não é hora de dar-se ao luxo de esfriar os ânimos ou tomar a droga tranquilizante do gradualismo. Agora é a hora de fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. É hora de arrancar nossa nação da areia movediça da injustiça racial e levá-la para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação passar por cima da urgência do momento e subestimar a determinação do negro. Este verão sufocante da insatisfação legítima do negro não passará enquanto não chegar um outono revigorante de liberdade e igualdade.Mil novecentos e sessenta e três não é um fim, mas um começo.
Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a abalar as fundações de nossa nação até raiar o dia iluminado da justiça.
Mas há algo que preciso dizer a meu povo posicionado no morno liminar que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso lugar de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos saciar nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio.
Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura majestosa de combater a força física com a força da alma.
A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje, acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino e que a liberdade deles está vinculada indissociavelmente à nossa liberdade.
Não podemos caminhar sozinhos.
E, enquanto caminhamos, precisamos fazer a promessa de que caminharemos para frente. Não podemos retroceder. Há quem esteja perguntando aos devotos dos direitos civis 'quando vocês ficarão satisfeitos?'. Jamais estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos desprezíveis horrores da brutalidade policial.
Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e nos hotéis das cidades. Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior. Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades roubadas por cartazes que dizem 'exclusivo para brancos'.
Jamais estaremos satisfeitos enquanto um negro no Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada em que votar.
Não, não estamos satisfeitos e só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água e a retidão correr como um rio poderoso.
Sei que alguns de vocês aqui estão, vindos de grandes provações e atribulações. Alguns vieram diretamente de celas estreitas. Alguns vieram de áreas onde sua busca pela liberdade os deixou feridos pelas tempestades da perseguição e marcados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês têm sido os veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que o sofrimento imerecido é redentor.
Voltem ao Mississippi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina do Sul, voltem a Geórgia, voltem a Louisiana, voltem aos guetos e favelas de nossas cidades do norte, cientes de que de alguma maneira a situação pode ser mudada e o será. Não nos deixemos atolar no vale do desespero.
Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho.
É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: 'Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais'.
Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade.
Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça.
Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama, cujo governador hoje tem os lábios pingando palavras de rejeição e anulação, será transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e irmãos.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os seres a enxergarão juntos.
Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao Sul. Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos, conscientes de que seremos livres um dia.
Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com novo significado: "Meu país, é de ti, doce terra da liberdade, é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha".
E, se quisermos que a América seja uma grande nação, isso precisa se tornar realidade.
Então que a liberdade ressoe dos prodigiosos picos de New Hampshire.
Que a liberdade ecoe das majestosas montanhas de Nova York!
Que a liberdade ecoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia!
Que a liberdade ecoe das nevadas Rochosas do Colorado!
Que a liberdade ecoe das suaves encostas da Califórnia!
Mas não só isso --que a liberdade ecoe da Montanha de Pedra da Geórgia!
Que a liberdade ecoe da Montanha Sentinela do Tennessee!"
Que a liberdade ecoe de cada monte e montículo do Mississippi. De cada encosta de montanha, que a liberdade ecoe.
E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, "livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!"
sábado, 24 de agosto de 2013
WOW!!! Heritage Celebration Honours No.1s
Heritage Celebration Honours No.1s |
New York, U.S.A. |
by ATP Staff | 24.08.2013 |
Champions paid tribute to generations past and present as an unprecedented gathering of No. 1s took place at the ATP Heritage programme's No. 1 Celebration on Friday night.
The event, which took place at the Waldorf Astoria in New York, marked the 40th anniversary of the establishment of the Emirates ATP Rankings. Ilie Nastase, who became the first ATP World No. 1 on 23 August 1973, was present to be honoured on the night, along with successors John Newcombe, Jimmy Connors, Bjorn Borg, John McEnroe, Ivan Lendl, Mats Wilander, Stefan Edberg, Jim Courier, Marcelo Rios,Carlos Moya, Yevgeny Kafelnikov, Gustavo Kuerten, Lleyton Hewitt, Juan Carlos Ferrero, Andy Roddick, Roger Federer, Rafael Nadal and Novak Djokovic. The four decades' worth of No. 1s shared a stage - and some fond memories as well.
Reflecting on what it means to hold the No. 1 ranking, Djokovic said, "It's definitely an ultimate goal for every athlete, not just tennis players.
"Growing up, in early childhood, you are inspired to show that love and appreciation and passion towards the sport, and of course there is this big drive - waking up every morning, working so hard, developing skills - to be No. 1 in the world. 'Not many players have achieved that and to sit with fellow champions... I'm really honoured to be here."
Watch the No. 1 Celebration On Demand
Roger Federer thanked those that came before him, like childhood idol Stefan Edberg. "It was important for me to have someone to look up to," said Federer, the record-holder for most weeks at No. 1. ''I know there's been a huge sacrifice at the players' level, just this generation and the players sitting here tonight, and even before that.
"We've put such huge effort in the game, and that's a platform we can enjoy today.''
Preceding No. 1s, meanwhile, praised the most recent trio of No.1s - Federer, Rafael Nadal and Djokovic. "These guys are carrying the torch so beautifully," said McEnroe, with Gustavo Kuerten and John Newcombe echoing his words.
Watch highlights of the event
The evening, part of the broader ATP Heritage programme, also included a tribute to former ATP Executive Chairman and President Brad Drewett, who passed away in May following a battle with Motor Neurone Disease. Drewett established the ATP Heritage programme, which honours the 25 players who have reached the pinnacle since the ranking system was introduced in 1973.
"It means a lot for me to be here and to be honouring Brad's legacy," said Hewitt.
"Brad cherished the history of the ATP and men's professional tennis in general," said Mark Young, CEO ATP Americas. "Tonight's celebration is a reflection of that. It was his vision to see all the No. 1 players gathered together as we honoured their achievements."
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
A história do piso de caquinhos das casas paulistas
A história do piso de caquinhos das casas paulistas
por eleganciadascoisas
O mistério do marketing das lajotas quebradas
Foto Mika Lins |
Certo dia, um dos empregados de uma das cerâmicas e que estava terminando sua casa não tinha dinheiro para comprar o cimento para cimentar todo o seu terreno e lembrou do refugo da fábrica, caminhões e caminhões por dia que levavam esse refugo para ser enterrado num terreno abandonado perto da fábrica. O empregado pediu que ele pudesse recolher parte do refugo e usar na pavimentação do terreno de sua nova casa. Claro que a cerâmica topou na hora e ainda deu o transporte de graça pois com o uso do refugo deixava de gastar dinheiro com a disposição.
Agora a história começa a mudar por uma coisa linda que se chama arte. A maior parte do refugo recebida pelo empregado era de cacos cerâmicos vermelhos mas havia cacos amarelos e pretos também. O operário ao assentar os cacos cerâmicos fez inserir aqui e ali cacos pretos e amarelos quebrando a monotonia do vermelho contínuo. É, a entrada da casa do simples operário ficou bonitinha e gerou comentários dos vizinhos também trabalhadores da fábrica. Ai o assunto pegou fogo e todos começaram a pedir caquinhos o que a cerâmica adorou pois parte, pequena é verdade, do seu refugo começou a ter uso e sua disposição ser menos onerosa.
Mas o belo é contagiante e a solução começou a virar moda em geral e até jornais noticiavam a nova mania paulistana. A classe média adotou a solução do caquinho cerâmico vermelho com inclusões pretas e amarelas. Como a procura começou a crescer a diretoria comercial de uma das cerâmicas descobriu ali uma fonte de renda e passou a vender, a preços módicos é claro pois refugo é refugo, os cacos cerâmicos. O preço do metro quadrado do caquinho cerâmico era da ordem de 30% do caco integro (caco de boa família).
Até aqui esta historieta é racional e lógica pois refugo é refugo e material principal é material principal. Mas não contaram isso para os paulistanos e a onda do caquinho cerâmico cresceu e cresceu e cresceu e , acreditem quem quiser, começou a faltar caquinho cerâmico que começou a ser tão valioso como a peça integra e impoluta. Ah o mercado com suas leis ilógicas mas implacáveis.
Aconteceu o inacreditável. Na falta de caco as peças inteiras começaram a ser quebradas pela própria cerâmica. E é claro que os caquinhos subiram de preço ou seja o metro quadrado do refugo era mais caro que o metro quadrado da peça inteira… A desculpa para o irracional (!) era o custo industrial da operação de quebra, embora ninguém tenha descontado desse custo a perda industrial que gerara o problema ou melhor que gerara a febre do caquinho cerâmico.
De um produto economicamente negativo passou a um produto sem valor comercial a um produto com algum valor comercial até ao refugo valer mais que o produto original de boa família…
A história termina nos anos sessenta com o surgimento dos prédios em condomínio e a classe média que usava esse caquinho foi para esses prédios e a classe mais simples ou passou a ter lotes menores (4 x15m) ou foram morar em favelas.
sábado, 3 de agosto de 2013
Bar lança 4 sabores inusitados de coxinha, como bobó de camarão e brigadeiro
(http://guia.folha.uol.com.br/bares/2013/08/1320336-bar-lanca-4-sabores-inusitados-de-coxinha-como-bobo-de-camarao-e-brigadeiro.shtml)
Bar lança 4 sabores inusitados de coxinha, como bobó de camarão e brigadeiro
DE SÃO PAULO
Das rodoviárias aos bufês infantis, a coxinha sempre esteve presente nos mais diferentes formatos na mesa do paulistano.
Pois agora o Original (zona sul de São Paulo) apresenta ao público quatro novas versões da iguaria, entre elas a coxinha de brigadeiro com musse de limão (R$ 7,50 o par).
Os outros sabores disponíveis no bar são os de joelho de porco com pimenta-biquinho, rabada com agrião (R$ 8 o par) e bobó de camarão (R$ 9 o par). Para os mais tradicionais, o frango com Catupiry (R$ 8 o par) ainda é servido.
Divulgação | ||
A coxinha de joelho de porco com pimenta-biquinho é uma das novas versões do salgado oferecidas no bar Original |
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
As ideias de Ford que ainda valem, 150 anos após ele nascer
(http://exame.abril.com.br/gestao/noticias/as-ideias-de-ford-que-ainda-valem-150-anos-apos-ele-nascer?page=1)
As ideias de Ford que ainda valem, 150 anos após ele nascer
Henry Ford não pode ser reduzido apenas à linha de produção; para criar uma das maiores montadoras do mundo, o empresário apoiou-se em ideias que guiam negócios até hoje
Henry Ford: ícone do capitalismo também ensina sobre investimento em retenção e até seleção de talentos
São Paulo - Se estivesse vivo, Henry Ford completaria 150 anos nesta semana. Além de ser o fundador de uma das maiores montadoras do mundo, Ford aprimorou a linha de produção, em que a montagem de um produto é desdobrada em etapas simples, executadas por funcionários alinhados ao longo de uma esteira. Embora não tenha inventado o método, suas melhorias foram tantas, que o termo "fordismo" ficou para sempre ligado à produção sem série.
O modelo é cada vez mais criticado por gurus da administração, que o acusam, entre outras coisas, de só enfatizar a produção em larga escala e se esquecer do bem-estar dos funcionários.
Apesar disso, não se entra para a história do capitalismo mundial de graça. Ford foi pioneiro também em outras práticas de gestão que ainda podem ajudar qualquer empresa do século XXI. Veja, a seguir, algumas destacadas por especialistas consultados por EXAME.com.
Investimento em retenção
No início de suas atividades, a empresa de Henry Ford tinha uma rotatividade de funcionários extremamente alta. Para conter esse movimento, ele reduziu a carga horária de trabalho e passou a pagar a seus empregados 5 dólares por dia, o dobro do que era oferecido no mercado na época, segundo o professor de gestão de operações do Insper, André Duarte. "Ford identificou que um alto 'turnover' significa um alto custo para a empresa e que controlar a saída reduz esse custo e aumenta a produtividade", destaca.
Investimento em seleção de talentos
Qual é a empresa que não faz ao menos um processo de seleção e uma análise de perfil antes de contratar um colaborador? Ford sabia que precisava destinar as pessoas certas para as funções certas. "Ele fazia isso observando na prática: colocava duas pessoas para fazer uma mesma coisa e, se uma se saía melhor que a outra, testava a segunda em uma função diferente", diz Duarte.
Padronização de produtos
Pode parecer redundante dizer que uma empresa precisa ter produtos padronizados para se firmar no mercado. Mas essa lógica que começou com Ford ainda continua presente em muitas companhias, que oferecem uma variedade de produtos menor, mas com volume maior. "É o caso do McDonald's e de muitas outras quem têm produtos de baixo custo unitário", exemplifica Duarte.
Simplificação do processo produtivo
Quando Ford decidiu vender apenas um tipo de automóvel, por um preço único (o modelo T), de certa forma ele instituiu a simplicidade dos processos produtivos. Já é célebre a frase de Ford, de que seus clientes poderiam escolher qualquer cor para o carro, desde que fosse a cor preta, simplesmente porque era a que secava mais rápido e facilitava a produção. A indústria japonesa é uma das que apostam nessa ideia, de acordo com Duarte.
Integração vertical
Henry Ford montava carros, mas também tinha uma fábrica de borracha em plena Amazônia para produzir pneus para Highland Park. Dessa forma, ele conseguia ter um controle interno de todo o seu processo produtivo. Segundo Duarte, há algum tempo, muitas empresas optaram pela terceirização de serviços e agora tentam internalizar esses processos novamente. "Por exemplo a Volkswagen, que terceiriza a produção de caminhões, mas mantém o controle da MAN internamente".
O modelo de Ford contemplava a produção de diversas peças em larga em escala. Hoje há tecnologias como a da Toyota, em que os carros são produzidos em módulos – um conjunto de peças já montadas – que só precisam ser encaixados. "É uma evolução natural do processo, provocada pela tecnologia. Ford criava pequenas linhas de produção dentro da linha principal e montava essas peças, o que também acabava virando 'módulo'", afirma Duarte.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
ÁGUA PARA O VINHO... E se fosse em Nova York?
E se fosse em Nova York?
O destino das empresas do grupo EBX, e de seus acionistas, seria diferente nos Estados Unidos. Lá, algumas nem poderiam ter aberto o capital
Eike Batista: a CVM estuda mudar regras depois de problemas com o grupo EBX
São Paulo - Quando comparam o mercado de ações brasileiro com o de outros países emergentes, os investidores estrangeiros costumam elogiar o conjunto de regras que regulam a Bovespa. Levando só isso em conta, dizem, é melhor colocar dinheiro aqui do que na China ou na Índia, onde há restrições à atuação de quem é de fora.
Mas e se a comparação for feita com mercados desenvolvidos — em especial, com a bolsa de Nova York? Aí as normas da Bovespa — e também as da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado — ficam bem para trás. Um bom jeito de medir isso é analisar o que tem ocorrido com as empresas do grupo EBX, principalmente com a companhia de exploração de petróleo OGX.
Um levantamento feito por EXAME com uma dezena de advogados, banqueiros e investidores brasileiros e internacionais mostra que, se essas empresas estivessem nos Estados Unidos, sua história (e a de seus quase 90 000 acionistas) teria sido bem diferente.
1 Algumas empresas do grupo X não poderiam abrir o capital
As empresas do grupo X, controlado por Eike Batista, levantaram 13 bilhões de reais ao abrir o capital, de 2006 a 2010. Quando estrearam na Bovespa, três delas — a OGX, a empresa de estaleiros OSX e a companhia de energia elétrica MPX — estavam em estágio pré-operacional, ou seja, sua atividade principal não gerava receitas. A mineradora MMX tinha histórico reduzido. Os recursos das ofertas serviriam justamente para implementar os negócios.
E se fosse em Nova York? A bolsa americana veta a listagem de companhias com ativos inferiores a 75 milhões de dólares, patrimônio menor que 50 milhões e sem reservas naturais provadas. OGX, OSX, MPX e MMX não cumpririam esses critérios.
O que está ocorrendo aqui? Nada. As empresas seguiram as regras da Bovespa, que permitem o ingresso de empresas pré-operacionais e não exige ativos mínimos.
2 Haveria mais controle sobre as informações públicas
As companhias abertas são obrigadas a divulgar resultados, aquisições e outros temas relevantes aos negócios. Em tese, quanto mais informação, melhor. O problema é quando as empresas usam os comunicados ao mercado para tentar melhorar as expectativas sobre seu desempenho e, assim, valorizar as ações.
A CVM está investigando se foi o que ocorreu com a OGX. A empresa inundou o mercado de comunicados favoráveis — desde que abriu o capital, em 2008, fez 144 anúncios (quase o dobro da Petrobras). As empresas costumam usar esses informes para divulgar fatos, e só. Os textos da OGX, vira e mexe, traziam algum comentário otimista.
Um comunicado publicado em 2010 dizia: "Agora nos preparamos para uma nova fase na história da OGX, que buscará atingir a produção de 1,4 milhão de barris por dia em 2019". O valor equivale à produção atual da Petrobras — na época, a OGX ainda não produzia nada.
Outro comunicado de 2010 dizia que os resultados da bacia de Campos eram tão positivos que a área seria prioritária — é ali que ficam os três campos que a empresa declarou, em julho, ser inviáveis comercialmente.
E se fosse em Nova York? A SEC, que regula o mercado americano, tem uma equipe de especialistas em setores como o de petróleo e gás. Sua função é determinar se os comunicados das empresas trazem as informações que são de fato relevantes para os investidores. Quando há problemas, a SEC costuma orientar a empresa a ajustar sua política de divulgação — e pode multá-la caso a determinação não seja cumprida.
Se houver fraude, é iniciado um processo administrativo que pode tirar a companhia do mercado ou resultar em prisão. A SEC está processando a empresa de serviços médicos Imaging3 e seu controlador Dean Janes por terem levado os investidores a acreditar que a companhia receberia autorização do Departamento de Alimentação e Drogas para produzir equipamentos médicos, o que não aconteceu.
O que está ocorrendo aqui? A CVM não tem equipes de especialistas setoriais. Depois de receber reclamações de investidores, a CVM começou a analisar os comunicados da OGX. Se concluir que houve problemas, a OGX pode ser multada.
3 Haveria maior atenção aos relatórios de agências
Nenhum dos 144 comunicados divulgados pela OGX trazia informações sobre o fato de a Agência Nacional de Petróleo (ANP) ter reprovado, no ano passado, o plano de desenvolvimento para o campo de Tubarão Azul, que pode parar de produzir em 2014. A ANP pediu mais informações sobre as estimativas de produção.
E se fosse em Nova York? A equipe de especialistas da SEC costuma checar as informações disponíveis sobre as empresas. "É bastante provável que pedíssemos que os relatórios da agência de petróleo fossem divulgados para o mercado", disse a EXAME um superintendente da SEC. Se não fizesse isso, a empresa poderia ser multada.
O que está ocorrendo aqui? A ANP diz que tornou sua avaliação pública — e que fazer essa informação chegar ao investidor é responsabilidade da CVM. Segundo profissionais da CVM, a autarquia está revisando os relatórios da ANP e questionando ex-diretores para decidir o que fazer (procurada, a CVM não deu entrevista).
4 As mensagens no Twitter seriam monitoradas
"Começamos a instalar novos poços. Isso continuará em 2014, iniciando a grande virada." "Vamos apresentar um plano de negócios, lastreado em bons projetos antigos e em novas parcerias." Essas mensagens, relativas à OGX, foram escritas por Eike Batista em seu Twitter no começo deste ano.
Além de nenhuma previsão ter se confirmado, as informações não constavam dos comunicados oficiais da empresa. Mensagens semelhantes foram escritas pelo empresário sobre outras companhias do grupo.
E se fosse em Nova York? A comunicação via Twitter seria monitorada pela SEC. Se a empresa não tivesse especificado aos acionistas que poderia divulgar informações nesse tipo de canal, a SEC poderia abrir uma investigação. Caso concluísse que investidores foram prejudicados, a companhia poderia ser multada pelo regulador americano.
O que está ocorrendo aqui? Nada. Hoje, a CVM não tem uma área ou regra específica sobre o que é escrito no Twitter ou nas redes sociais. De acordo com funcionários, está sendo discutida uma regra para isso.
5 Eike Batista estaria sendo investigado
Eike Batista vendeu as ações da OGX 20 dias antes de a empresa anunciar que suspenderia a exploração em três poços — o que fez os papéis caírem 51% em menos de uma semana. Com a venda, ele embolsou 161 milhões de reais (se tivesse esperado o anúncio para vender as ações, teria conseguido só 49 milhões de reais).
E se fosse em Nova York? Eike seria investigado pela SEC, que poderia pedir a abertura de um processo na Justiça — se o executivo fosse considerado culpado, seria multado e poderia ser preso, como ocorreu com outros empresários acusados de usar informações privilegiadas.
O que está ocorrendo aqui? A pedido de um investidor, a CVM abriu um processo para investigar o episódio. As regras brasileiras proíbem que os donos e os principais executivos de empresas negociem grandes quantidades de ações em datas próximas às de divulgação de informações relevantes.
Mas é permitido comprar e vender papéis em pequenas quantidades sem uso de informação privilegiada e usar os recursos para honrar compromissos financeiros. Eike vendeu menos de 2% das ações que tem na OGX e, segundo profissionais da empresa, o empresário precisava do dinheiro para quitar dívidas do grupo EBX com o fundo árabe Mubadala.