quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Tesouro volta a vender títulos e diz que eventual rebaixamento dos EUA não afeta estratégia

O Globo
(http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/economia/mat/2011/08/03/tesouro-volta-vender-titulos-diz-que-eventual-rebaixamento-dos-eua-nao-afeta-estrategia-925053744.asp)


03/08 às 15h40

Agências internacionais


WASHINGTON - Altas autoridades do Tesouro americano afirmaram que uma eventual possibilidade de rebaixamento do rating dos EUA não afeta a estratégia de venda de títulos. O Departamento do Tesouro dos EUA venderá US$ 72 bilhões em notas e bônus na semana que vem, voltando à normalidade.

O governo continuará alongando o prazo médio da dívida que coloca. O Tesouro inundou os mercados com dívida de curto prazo durante a crise financeira de 2007-2009, para dar liquidez à economia, reduzindo os prazos médio de vencimento para cerca de 48 meses. Agora, quer voltar aos 62 meses.

- Estamos interessados em continuar prolongando o prazo médio de nosso portfólio a partir do fim de 2008 - afirmou a secretária assistente do Tesouro para mercados financeiros, Mary Miller. - Além de tudo, ou de qualquer discussão sobre as agências de classificação de risco, eu diria que nossa intenção é continuar esse ritmo.

O Tesouro colocará US$ 32 bilhões em papéis de três anos na terça-feira, US$ 24 bilhões em títulos de dez anos na quarta-feira que vem e US$ 16 bilhões em bônus de 30 anos na quinta-feira da próxima semana. Cerca de um terço dos papéis servirá para pagar dívidas vencendo em 15 de agosto. Atualmente, o governo americano pega emprestado US$ 0,40 para cada dólar que gasta.

O chamado refinanciamento trimestral, em que o governo pede o dinheiro necessário para pagar suas contas, esteve em risco até que o Congresso finalmente aprovou, entre segunda-feira e terça-feira, o plano para aumentar o limite de endividamento do país, que o presidente Barack Obama já converteu em lei. Em troca, o governo terá que cortar gastos, para reduzir o déficit dos EUA.

O acordo aumenta imediatamente, em US$ 400 bilhões, o teto legal da dívida de US$ 14,3 trilhões, esgotado em maio. Isso permite que os administradores da dívida do Tesouro sigam adiante com as vendas de bônus trimestrais. No fim, o limite de endividamento subirá um total de US$ 2,1 trilhões em três etapas, que estão pendentes de aprovação do Congresso.

Um funcionário do Tesouro indicou que provavelmente "cairá modestamente" o tamanho das futuras ofertas de dívida, dado que agora se espera que o déficit seja reduzido.

Um dos problemas-chave que ainda se discutem nos mercados financeiros é se os EUA estão em risco de perder a classificação "AAA" de sua dívida. Mas assessores de Wall Street que se reuniram com funcionários do Tesouro antes do anúncio de refinanciamento não se mostraram muitos preocupados.

As próprias agências de classificação de risco perderam seu brilho. Elas foram acusadas de fracassar no trabalho de alertar os mercados, antes da crise financeira de 2007-2009, sobre a duvidosa qualidade dos títulos que estavam sendo emitidos para respaldar um mercado de hipotecas sobrevalorizado.


O caminho do acordo

Com o plano aprovado no Congresso, o governo aumentou imediatamente, em US$ 400 bilhões, o teto da dívida, para evitar a moratória. Até fevereiro do ano que vem, poderá fazer uma nova elevação de US$ 500 bilhões. O congresso pode rejeitar esse segundo aumento, mas é algo simbólico, feito para dar aos conservadores da Câmara a opção de mostrar que são contra. O presidente Barack Obama tem poder de veto e dá a palavra final sobre o segundo aumento do teto.

O contraponto ao plano é o corte de gastos. Em outubro deste ano, começa uma limitação nos gastos que reduzirá o déficit público em US$ 917 bilhões ao longo de dez anos. Apenas US$ 21 bilhões serão economizados no primeiro ano (o ano fiscal de 2012, que começa em outubro).

Até 23 de novembro, um comitê de 12 membros da Câmara e do Senado ficará encarregado de identificar cortes adicionais ou aumento de receita no valor total de US$ 1,2 trilhão a US$ 1,5 trilhão. Os congressistas podem considerar medidas fiscais que aumentem a arrecadação, assim como retiradas de isenções de impostos e cortes na Defesa. A Previdência Social e o programa de saúde Medicaid estão excluídos.

Até 23 de dezembro, o plano desse comitê será votado no Congresso. Os congressistas poderão dizer sim ou não às sugestões, em um pacote fechado, sem modificar o plano. Se o comitê não chegar a um acordo sobre pelo menos US$ 1,2 trilhão em economias ou o Congresso rejeitar as sugestões, cortes automáticos nesse valor começariam a ser feitos em 2013.

O plano também conclama a Câmara e o Senado a votar, até 31 de dezembro deste ano, o envio de uma emenda de orçamento aos estados. Essa medida não deve receber os dois terços de votos necessários para passar, mas sua inclusão tornou mais fácil o apoio dos conservadores ao plano, que podem usá-la na corrida à reeleição.

Se por acaso a emenda passar, Obama pode pedir um segundo aumento do teto de endividamento, de US$ 1,5 trilhão. Se não passar, o presidente pede uma elevação de US$ 1,2 trilhão. O Congresso vota o pedido de Obama. Se negar, o presidente tem de novo o poder de veto. E assim os EUA concluem o ciclo previsto no acordo para elevar o teto da dívida.


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